sábado, 29 de novembro de 2014

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Não Cale



     Aquela hora que você adiciona um amigo das antigas nas redes sociais, que há muito não se sabia e fica pas-sa-da no ferro frio com tantas reviravoltas. Nessas horas olho pra minha vida, pras fotos do meu perfil, pras fotos que fui marcada, na minha trajetória... Se alguém que há muito não me vê olha meu perfil, com certeza vai pensar: nossa, não mudou nada! Continua trocando de cabelo como de roupa, continua pulando de cidade em cidade, continua atriz, continua artista, continua rota, continua viajante, continua chata e irônica, continua baixinha e pequenina. 
      Já fiquei muito em dúvida, achando que parei no tempo e não progredi, que minha vida deveria ser outra, que as pessoas deveriam dizer: nossa, como está diferente! E isso seria um sinal de que venci, de que mudei, de que cresci. Já fiquei muito frustrada comigo mesma por ainda ser a mesma louquinha da época do colégio, como se eu fosse aqueles adultos “crianções” que se negam a amadurecer. Mas eu amadureci, cresci, desenvolvi e conquistei coisas grandiosas com minha luta, luta de quem não tem as coisas fáceis nas mãos e com minha labuta diária, pois é ela que sustenta todas minhas insanidades impulsivas. 
       Depois de muita análise comigo mesma, entendi que na verdade continuei com as mesmas convicções, que continuo acreditando nas coisas das quais sempre lutei e que aquela revolta toda e toda aquela gana de vida, não era apenas fogo de palha adolescente ou modinha pra se integrar. Era sonho, era projeto de vida, é meta. Muito amigos das épocas antigas me são, hoje em dia, irreconhecíveis. Mudaram de estilo, de opinião, mudaram a personalidade, quer dizer, não mudaram, só tiveram coragem de assumir seus “eus” depois de adultos. 
    Eu sempre assumi meu “eu” e durante muito tempo tive que enfrentar risinhos maldosos que achavam que eu tentava ser quem eu não era. A questão é que eu tive coragem, desde a pior época de novas vidas (a da escola, onde somos inseguros e precisamos nos sentir iguais para ser aceitos) de ser quem eu sou. Uma vez uma grande irmã me disse: que bom que pelo menos uma de nós continuou no sonho.  Sonho esse de viver independente do que as regras sociais impõem. Sonho esse de nadar contra a corrente, não por ser do contra ou pra chamar atenção, mas por que o fluxo imposto como “correto” nunca me representou e depois de tantos anos nadando contra, posso dizer que não me representará. 
      Hoje em dia, fico muito feliz com isso, apesar de só eu saber a dor que é ser eu, a dor que é não querer o que a sociedade diz que temos que querer e o preconceito enfrentado a despeito disso. Fico feliz, pois fui forte o suficiente para manter o caminho da minha verdade.  Fico feliz, pois continuo forte o suficiente para continuar lutando pelas minhas crenças e feliz por saber que minhas crenças vinham do fundo da minha alma, que até hoje sonha e corre atrás da liberdade do ser inteiro.  Então, espero que daqui trinta anos eu continue atriz, artista, viajante, irônica, revoltadinha contra o sistema burro e ainda mudando de cabelo como quem muda de roupa. 

      Projeto vovó rock´n roll MODE ON!!!!

Árvore de Mim



"não perceberam que era árvore por ter pés de sangue
não plantada vagou na solidão de sua seiva
desde então procura terra fértil
talvez por isso seus pés nunca enraizaram"