quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Invisível

hoje foi um dia único, como todos os outros, calro, mas hoje começpu logo bem. conheci um cachorro radical. sempre falam desses animais que surfam ou andam de skate. mas esse era mais humilde, era da rua. por isso, aproveitava o que tinha. entre uma calçada e outra corria desesperadamente justo na hora que um carro ou moto se aproximavam. eram deles o dia, dos cachorros livres, mas só esse precisava de tanta adrenalina. uma adrenalina feliz, de amigos que zoam junto ao sairem de um bar na calada da noite. mas eram cães. e era dia. ainda é dia.fiquei tão animada e tão assustada ao mesmo tempo com aquela ação, com aquele gesto animal, que está também dentro de nós. pequenas coisas. pequenas histórias que só nós sabemos, que só a gente vê. um momento único que você vivencia sozinha e que pede para ser guardado. 

como a frase do colega de trabalhado "caldinho é vida!"

como quando você se vê sorrindo e feliz, mesmo lembrando que esqueceu de tomar o remédio da manhã.

bom dia a todos que preservam suas histórias invisíveis.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Diferentes, porém não inadequados

          Outro dia estávamos conversando e meu companheiro disse: "é verdade o que você está dizendo, aliás é tudo verdade o que você disse nos últimos 30 minutos" (pessoas bipolares tem picos de euforia e falam como se se o mundo fosse acabar se as palavras se silenciarem). Estava falando sobre como a sociedade nos molda e como é difícil sair desse molde, mesmo depois que você entende o quão fundo o capitalismo te consumiu, muitas vezes, sem perceber se petrificou com as ideias e ideais de uma cultura "american way of life" que você não curte viver.
         E nem vou muito longe falando de cultura de massa e vomitando Adorno, hoje mesmo senti a violência em que vivemos (não que eu não a sinta sempre, mas tem dias que é demais). Quase que um carro passa por cima de mim enquanto eu atravessava a rua na faixa de pedestres. Além do bossal não ter dado seta e estar rápido demais para quem está fazendo um retorno fechado, quase passa por cima de mim com aquele olhar de ser supremo, por que dentro do carro velho dele, ele é o rei. Por que ele tem um carro e isso faz dele um ser superior a mim que pobre coitada, anda a pé.
        Ainda disse em voz mais projetada (reparem na expressão "voz mais projetada", pois a um mês atrás eu escreveria "gritando com os olhos em sangue") "olha a faixa!", mas o olhar dele só se tronou mais superior. Eis as pequenas coisas dessa vida sem amor e sem respeito que tem me feito pensar seriamente em viver de maneira completamente diferente depois que sair da faculdade.
       Nem fui a psicóloga, preciso achar a minha verdade e isso eu sei que preciso fazer olhando pra dentro de mim, está óbvio. Mas como olhar pra dentro nessa agonia de vida? Como olhar pra dentro quando a cabeça frita em tantas outras questões de cunho burocrático que tiram seu sono e sua paz interior?
       Pensando em tudo isso achei essa notícia. Já havia ouvido falar e isso é a maior prova de respeito ao cidadão e suas necessidades. Não deveríamos ter que sair do nosso canto para viver melhor, mudar de país para viver o sonho ou se esconder no mato para ser sustentável ou ao menos tentar. Se houvesse menos corrupção, menos falcatrua, menos egoísto, talvez exemplos como esses tornasse nosso país num grande gramado onde teríamos sombra de sobra para nos refrescar do concreto ensurdecedor.

http://blogmais.org/2013/07/12/curiosidades-pessoas-que-nao-conseguem-acordar-cedo/


nem todo mundo quer a vida de todo mundo


terça-feira, 5 de novembro de 2013

ando assim meio calada
meio em silêncio de saudade
a casa vazia está cheia de bagunça tua
roupa espalhada, figurino no varal
pia suja, casa de quem não tem tempo pra casa
sem saber ficar quieta
descobre coisas sobre ela que enterra junto com os brotos de maçã
será que um dia aprende?
será que um dia se descobre?
será que ainda matamos essa saudade toda
que nos mata a alma ainda fraca de fé?
que motivo será o seu para sorrir?
que motivo será o meu para sorrir?
individualistas, porém não egoístas
tênue linha, tênue sentimento de só


segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Mafalda


O silêncio é uma prece

os pés não param de balançar
vontade de levantar, me exercitar, correr, pular
sei lá
os remédios aumentos e a confusão também
querem me ajudar, mas conselhos só atrapalham
confundem a mente
reze, dizem
viro um líder espiritual em dois dias
faça exercícios, clamam
acordo às 6hs da manhã e fico de cabeça para baixo tentando me concentrar
vá em lugares cheio de energia boa, gritam
vou à igreja todos os dias
calam-se todos
me deixem achar meu caminho
e meu meio de me acalmar
calem-se e sorriam
me deem afeto e tenham compaixão
preciso de silêncio
aquele silêncio de oração
pessoas demais me afobam, por mais que as ame
nesse momento a sua forma de amor deve ser delicada
mas como pedir a uma família de italianos bipolares calarem-se?
abaixarem o tom do voz?
respira, inspira
tentar sair dessa sala e ver o sol
tentar fugir um pouco e sentir a brisa do dia e o verde que tanto me chama
respira, inspira
toca o telefone
preciso de uma declaração urgente
urgente, urgente
tudo é urgente
eu também sinto urgência de melhorar
e aí?
é urgente por que você deixa tudo pra ultima hora
é urgente por que uma coisa atropela a outra
a vida é urgente
por isso a ansiedade explode e alma pede paz
deixem-me em paz