terça-feira, 12 de novembro de 2013

Diferentes, porém não inadequados

          Outro dia estávamos conversando e meu companheiro disse: "é verdade o que você está dizendo, aliás é tudo verdade o que você disse nos últimos 30 minutos" (pessoas bipolares tem picos de euforia e falam como se se o mundo fosse acabar se as palavras se silenciarem). Estava falando sobre como a sociedade nos molda e como é difícil sair desse molde, mesmo depois que você entende o quão fundo o capitalismo te consumiu, muitas vezes, sem perceber se petrificou com as ideias e ideais de uma cultura "american way of life" que você não curte viver.
         E nem vou muito longe falando de cultura de massa e vomitando Adorno, hoje mesmo senti a violência em que vivemos (não que eu não a sinta sempre, mas tem dias que é demais). Quase que um carro passa por cima de mim enquanto eu atravessava a rua na faixa de pedestres. Além do bossal não ter dado seta e estar rápido demais para quem está fazendo um retorno fechado, quase passa por cima de mim com aquele olhar de ser supremo, por que dentro do carro velho dele, ele é o rei. Por que ele tem um carro e isso faz dele um ser superior a mim que pobre coitada, anda a pé.
        Ainda disse em voz mais projetada (reparem na expressão "voz mais projetada", pois a um mês atrás eu escreveria "gritando com os olhos em sangue") "olha a faixa!", mas o olhar dele só se tronou mais superior. Eis as pequenas coisas dessa vida sem amor e sem respeito que tem me feito pensar seriamente em viver de maneira completamente diferente depois que sair da faculdade.
       Nem fui a psicóloga, preciso achar a minha verdade e isso eu sei que preciso fazer olhando pra dentro de mim, está óbvio. Mas como olhar pra dentro nessa agonia de vida? Como olhar pra dentro quando a cabeça frita em tantas outras questões de cunho burocrático que tiram seu sono e sua paz interior?
       Pensando em tudo isso achei essa notícia. Já havia ouvido falar e isso é a maior prova de respeito ao cidadão e suas necessidades. Não deveríamos ter que sair do nosso canto para viver melhor, mudar de país para viver o sonho ou se esconder no mato para ser sustentável ou ao menos tentar. Se houvesse menos corrupção, menos falcatrua, menos egoísto, talvez exemplos como esses tornasse nosso país num grande gramado onde teríamos sombra de sobra para nos refrescar do concreto ensurdecedor.

http://blogmais.org/2013/07/12/curiosidades-pessoas-que-nao-conseguem-acordar-cedo/


nem todo mundo quer a vida de todo mundo


4 comentários:

  1. que isso?
    eu tinha escrito aqui ontem.
    eu disse que se vc percebia que era um produto do sistema vc estava livre pra começar a fazer diferente.

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  2. como assim escreveu ontem? cadê?

    sim, percebi isso faz tempo. mas preciso terminar essa faculdade pq estou jubilando, depois de tantas idas e vindas por lá e por cá. e essa é umas instituições que mais me dão gastrite, pois além de estudar eu trabalho aqui e as coisas estão bem ruins.

    já estou atrás de contatos de pessoas que tem contatos com gente que trabalha em viveiros, pois estou numa onda muito planta, raiz, terra, composto orgânico, redução de lixo. fazer algo que realmente importa e que realmente ajude saca? mesmo que seja só eu por agora.

    quero aprender e talvez quem sabe um dia poder viver das plantas, pois o teatro, já ficou pra hobbie e estudos acadêmicos futuros.

    espero ainda o ano que vem, estar conectada na simplicidade e auto-suficiência (na medida do possível) de um lugar longínquo, onde as montanhas rodeiam as casinhas simples sem calçadas. fazer uma horta ao fundo e plantar árvores frutíferas. talvez ler histórias ou poemas na praça em tardes de domingo e projetar filmes em noites de lua clara pra quem nunca viu una película.

    mas cada coisa que cada vez. primeiro preciso me acalmar dessas crises estranhas, pois assim nem trabalhar posso. depois arrumar algo que me traga dinheiro e prazer. terminar a facul e respirar e tirar um tempo pra mim e minhas necessidades.

    saca?

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  3. saco. mas se vc sabe o que quer e que a faculdade é o fim de um ciclo... respire fundo. essa semana eu escutei uma frase "aceita que dói menos"... e isso me fez pensar na via da paciencia, em como é dificil encontrar o caminho e ser paciente, alias acho que essa é uma das grandes liçoes que temos que aprender nessa vida. mas enfim, se vc sabe que tem esse fim de ciclo pra concluir com gastrite ou não, tente se apropriar disso nos dias caoticos. saca? naqueles dias em que nada faz sentido, que seu estomago ta ácido e que nada corresponde ao que vc acredita... pense que os dias dessa realidade nefasta estão contados. vc só continua ali pq não concluiu ainda a missão... mas vc sabe muito bem que tudo passa nessa vida... até uva passa. e essa fase tbm vai passar.

    seiq ue vc ta trabalhando, mas tem varias fazendas de wwoofing ai em Minas vc ja deu uma olhadinha no site? 2 semaninhas numa fazenda ja da pra aprender um monte de coisa:

    http://www.wwoofbrazil.com/pre_host_farm_pt.htm

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  4. talvez não seja nem paciência. me disseram que quando a gente pede por paciência, coisas acontecem para prova-la ainda mais. temos que ser serenos, como os vovôs que sentam na porta de casa ao fim do dia. mas ainda somos jovens de sangue quente. a procura do equilibrio tbm é fundamental e estou a procura disso. pois se há equilibrio, a gastrite e as doenças e sindromes nervosas são controladas, a alma entende e segue seus ciclos. mas nossa, como é dificil, mas sempre na busca. e sei sim sobre o woofing brasil, estou pensando em ir nas minhas férias aqui do estágio e dar um tempo e conhecer gente nova. ou talvez só de acampar num lugar selvagem, já me ajude. quero ouvir a voz da terra.

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