quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Enraizamento

O que você faz para se conectar com a vida? Você planta vida? O que você faz para não enlouquecer? Se a natureza nos deu a vida, por que não damos atenção a ela? 



dia de deixar as formigas subirem nas pernas e a grama grudar na pele.


Eu planto para esquecer, para sentir as unhas sujas de terra, para ficar descalça no chão frio e sujar a roupa rota. Eu planto para aprender como a vida é delicada e como um pouco de água a mais ou a menos pode fazer diferença nas plantas. Essa delicadeza ronda a vida. Se não tivermos paciência para aprender a chegar num equilíbrio, se não tivermos a delicadeza de nos ouvir, não saberemos nunca se precisamos mais água ou menos água. 




vasinhos de garrafa pet. reciclando e brotando vida.
Eu planto por que a natureza sempre me fez bem. Por que ela consome o que precisa e nada mais e quando morre ainda ajuda a terra a ser fertilizada para os futuros brotos. Eu quero ser natureza. Eu sou natureza. Só esqueço disso as vezes. Eu quero poder ser forte o suficiente para poder adubar terras alheias para que minhas pequenas ideias, meus pequenos gestos, possam futuramente germinar novas ideais, novos brotos, novas flores.


me deixam sã


Eu quero ser árvore.

alguém me planta na terra pra eu nascer flor?






Colora-se

Estamos doentes, mas precisamos ser práticos. O sistema não para, não pode parar. ontem estava pensando essas coisas com os meus botões, já não se vive sem o sistema. Até para tentar viver sem o sistema você acaba tendo que alimentá-lo de alguma forma. E não acho que seja ruim existir um sistema, acho ruim esse sistema ser tão opressor e injusto. Acho ruim o sistema destruir coisas vivas, para por asfalto duro e negro em cima. Acho ruim o sistema colocar dinheiro na cueca, enquanto tanta gente perde benefícios que necessitam para sobreviver, benefícios esses que são de seus direitos. Sobrevida não é vida. A ideia então é depender cada vez menos do sistema ou não deixar me levar pelas palavras doces que as vezes ele tem em seus discursos.

Tanta coisa pra redescobrir. Tanta paz para pedir. Tantos altos e baixos ainda para seguir. 

Terapia iniciada. Não me sinto à vontade de falar de coisas tão íntimas e profundas para alguém que nunca vi. Mas bem, é um processo pelo qual preciso passar. Descobri também que preciso resolver muita coisa para viver do jeito que pretendo e que descobri que para isso não posso ser essa pessoa ansiosa e bipolar. Pois preciso de foco e isso tudo que acontece me faz perder o foco.

É engraçado quando você descobre coisas à seus respeito que não sabia e isso faz você rever certas atitudes que tomou, por que sempre foi assim, tão jogada no mundo. Quando bebê, tinha convulsões periódicas por que meu cérebro já fritava demais. Crescia mais rápido que meu crânio e acabava por ser pressionado. Quando criança hiperatividade e agora bipolaridade (com direito a rima).

Descobre que não sabe ficar quieta, não sabe desligar a cabeça nem dormindo; descobre que se sente culpada quando após um dia cheio, ainda acha que deve chegar em casa e continuar produzindo, estudando, mandando e-mails, fazendo conexões com pessoas, procurando novas oportunidades. Mas desde de criança a vida é assim, é aula, ballet, conservatório, inglês, teatro, ensaio geral, festivais, ser boa na escola, fazer direito o bordado, estudar as lições de piano, sair de casa, procurar emprego, continuar estudando, ler as apostilas do curso no transito parado, provar constantemente para os outros que você é foda, que seu currículo é o melhor, fazer cursos, ganhar prêmios na sua área e surtar.

Todos sabem que você é foda, todos invejam você por isso, você se sente na posição de continuar sempre provando cada vez mais, mas nunca prova pra você mesma seu valor. Os outros podem me invejar, mas eu mesma, me acho tão trivial, normal, ordinária. Acreditar em si mesmo é o primeiro passo, pois como se pode viver e ter sucesso (sucesso no sentido de atingir esse bem estar que procuramos) se tudo que eu faço eu acho ruim, eu acho menor. Eu mesma me desvalorizo e fazendo isso me desacredito, vou ficando cada vez menor. Fiquei tão pequena que acabei invisível.

Agora preciso a aprender a me (re)pintar, para poder me reconhecer novamente quando olhar para mim mesma.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Reações Adversas

Falta de foco. Falta de concentração. Durante 4 horas não consegui ficar mais de 5 minutos em uma atividade. Frio na barriga intenso. Nervosismo. Ansiedade. Vídeos sobre auto-conhecimento, amor, busca da felicidade. Ainda faltam 15 minutos. Talvez segunda não haja estágio. Fim de semana cheio de coisas que me dão fobia, mas que tenho q estar presente. Medo. Tristeza de morar junto e sentir saudade. Preciso sair daqui. Ainda tenho que ir no restaurante universitário almoçar. Sua carteirinha não funciona. Filas. Filas. Filas. Sol quente na cabeça. Calor insano. Respira fundo. Mensagem fofa. Agora faltam 12 min. Insere imagem, coordenadora chega. Hora de publicar. Vamos embora. 




quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A leveza é verde

dois passarinhos que passaram meu caminho. lindos e pequetitos.
     Hoje o dia acordou feliz. Gostaria de ter mais tempo para alongar meu corpo pela manhã, antes de ir trabalhar. Mas trabalhando as 8hs, o máximo que consigo acordar é as 6hs. Mas está me fazendo muito bem reconhecer minhas articulações, minhas dores e limites. Reconhecer como meu corpo fica melhor depois que eu termino os exercícios. Isso por que só tenho meia hora. O sol nasce bem na janela que fico contemplando a manhã e os galos que eu adoro, do vizinho da frente.

      Hoje consegui dormi direto. Acordei quase na hora do despertador tocar e estava relaxada, leve. Ontem tirei um peso das costas. Foi o dia de assinar minha demissão do colégio que dava aula. O processo foi tenso, pois não queria encontrar ninguém. Professores, alunos, principalmente a coordenadora. Só queria falar com o RH e sair dali o mais depressa possível. E ao final de tudo ainda fiquei sabendo que não preciso voltar mais naquela unidade. Saí dali, mesmo com um sol queimando minhas entranhas e mesmo com uma subida seca e empoeirada, saí sorrindo e leve. Ainda me ofereceram uma carona até alguns metros dali, mas não quis, o sol, a terra seca levantada, não me agoniavam mais.

     Não que eu não curta dar aulas. O eu não curto são as instituições que falam o que devemos fazer, o que devemos ensinar e os valores que devemos passar para os alunos. Pra merda! Tudo hipocrisia! Tudo pra fazer bonito pra sociedade. São capazes de trabalhar só com materiais recicláveis (por que está na moda e isso eleva o conceito sócio-econômico da empresa), mas quando a exposição acaba, tudo vai pro lixo ou acaba não servindo mais para a reciclagem, pois foi abandonado em cantos, mofaram, tomaram chuva, etc, etc.

     Leve, um dia muito leve. Toneladas saíram de mim. Sinto-me até mais centrada.

    E falando em reciclagem e já alinhavando o assunto, vamos falar de reciclagem de verdade e de idéias simples para quem não tem espaço de ter uma horta, mas não abre mão de ter suas plantinhas e está com o bolso um pouco furado ;)

São vasinhos de plantas feitas com garrafas PET. Usamos apenas tesoura ou estilete, barbante caso queira pendurar os vasinhos ecológicos na parede e já fazer uma decoração natural, terra, água e as mudas ou sementes.

Veja os exemplos que garimpei pela net.

Lá em casa estou tentando progredir. Já estou ajuntando as garrafas, já tenho a terra e alguns instrumentos e minhas compostagens caseiras estão aguardando o tempo de maturação.

A cebolinha e a erva-cidreira vão super bem. A arruda ainda nos deixa tensos, pois é algo complicado de pegar, mas não perdemos as esperanças.

O hortelã está morrendo e preciso pesquisar por que minhas mudas de hortelã sempre morrem. Será que não tenho mão pra hortelã? Não, não. Acho que é falta de informação mesmo, mas também não desistimos.

As outras plantinhas são mais para dentro de casa e nos fazem companhia. É sempre bom ter plantas em casa e plantas de verdade, por favor.

No mais que todos encontrem sua maneira de estar em contato com seu eu interior, de se auto-conhecer, de se (des)construir, caso seja necessário e de acreditar sempre na mente. Meu grande fraco é esse, mas estou resistindo e trabalhando para fortalecer meus pensamentos. Apesar de acreditar de que tudo pode ser, sou insegura e acabo me apoiando em outras pessoas que acho que são melhores e no fim não trabalho meus próprios projetos.

Acreditar em nós e nas nossas capacidades e estudar sempre. Aprender sempre. Todo conhecimento é válido e nos preenche um pouquinho mais.

Bom dia a todos!



As fontes das imagens foram as seguintes sites: http://sersustentavelcomestilo.com.br/ http://ecocinese.com/



terça-feira, 22 de outubro de 2013

Perdoem-na




     Não aprendeu o meio termo. Não aprendeu a moderação. Foi criada por italianos cascudos que não aprenderam a dizer eu te amo. Dos exemplos o irmão sempre foi o mais exemplar, mas talvez por que também não aprendeu a sentir os sentimentos pelo lado de fora. A mãe passou a vida desdobrando suas vísceras em acessos infinitos de bondade e preocupação. O pai, nunca chorou, talvez por isso não tenha mais vida por dentro. 
      Os sentimentos escondidos o comeram e hoje a comem devagar, apesar das agulhas para acalmar o impulso de vida que pulsa sem saber para onde. Não aprendeu como controlar a vontade de ser todas ao mesmo tempo. Não aprendeu a esperar. Não aprendeu a concluir. Não aprendeu a frear as incapacidades, tornando-as maiores do que deveriam ser. Acho que talvez, não aprendeu a amar. Por isso a perdoem, meus leitores, se acaso certas atitudes de nossa anti-heroína os decepcionar de acordo com que seu corpo toma forma e as sardas a tornem cor de ferrugem, pois até hoje não aprendeu a usar filtro solar. 
     Não a recriminem se suas atitudes em certas épocas de sua vida forem impulsionadas pelo agora sem levar em conta a lista de pós e contras que analistas financeiros aconselham antes de qualquer planejamento. Não aprendeu a planejar. A vida nem sempre espera o orçamento de certas atitudes. Não a recriminem leitores, se por vezes praguejar ódio a quem sabeis que ama. Aprendeu que muitas vezes o grito de ódio é apenas um grito camuflado de súplica, de socorro. O que não aprendeu é quem nem todos conseguem traduzir grunhidos escaldados de quem viveu por dentro. 
       Não desistam meus leitores, de continuar a leitura, pois aos poucos, ela aprendeu que não aprendeu, e aos poucos ela tenta aprender a viver do lado de fora.    
          Desde já, entendam que, quando grita que não precisa de ninguém é por que seu coração suplica por aquela mão doce que corre o rosto sem perguntar por quê. Nossa personagem meu leitor é aquela que toda de preto, bancando banca de indiferente escuta a mesma música romântica da adolescência, enquanto faz cara de impenetrável com medo que outros descubram quão frágil é a matéria feita de seus órgãos. 
        Se usa óculos escuros é na intenção de esconder as lágrimas que ultimamente surgem sem aviso, sem autorização. Às vezes, enquanto encara o ônibus lotado de almas emborrachadas, pensa se passou a vida vivendo sua vida, a vida de seus sonhos ou a vida dos outros. A perdoem leitores, por não saber de nada, por não ter nada nas mãos, por aparecer sempre de bolsos vazios. A perdoem meus leitores pelas roupas surradas e pelos calçados furados. A perdoem pelos cabelos cortados na pia em noite de lua crescente. A perdoem leitores por não conseguir desligar os sentimentos, dos sentimos do mundo. A perdoem por sua ignorância e por sua busca quase ridícula por conhecimentos que não estão escritos. A perdoem por hoje, ainda estar perdida na mesma ignorância. A perdoem se não consegue vender cosméticos. A perdoem se não consegue enriquecer a custo de sua sanidade. A perdoem meus leitores, por ser artista. A perdoem principalmente por não ter aprendido a amar de forma calma. A perdoem se um dia amou em silêncio. A perdoem se amou na fissura
       A perdoem, meus leitores, ela ainda não sabe o que faz.

Geração Rivotril

    Renato Russo eternizou toda uma geração chamando-a de "Geração Coca-Cola". Geração calça jeans da Lee, All Star no pé e camisa branca da Hering. Liberdade, cabelos aos ventos sem medo de serem encaracolados, ruivos ou black power. Geração cinema, rock´n roll.
    Hoje a nossa geração de jovens pode ser chamada de "Geração Rivotril". Estamos cada vez mais ansiosos, nervosos e sedentos de produzir. Nossos amigos já estão casando, alguns tem filhos e outros tem sua própria empresa. Todos andam com seus tablets na mão ou celulares de ultima geração e ficam trocando mensagens instantâneas o dia todo, mesmo que este amigo esteja sentado ao lado. 
    Você não usa what´s up?? Mas seu celular não tem wi-fi?? Sua internet não baixa os vídeos do YouTube direto? E essa roupa? Ficou um ano e meio na Europa e continua usando as mesmas roupas velhas de quando ainda estava por aqui? Você não tem instagram???? Como você vive????
     Nossa geração vem de um movimento muito progressista. As cidades precisam crescer, mesmo que desordenadas para poder abastecer os carros que ficam cada vez mais fáceis de comprar (mas difíceis de pagar depois). As casas antigas precisam ser derrubadas para dar lugar a prédios altíssimos, com apartamentos minúsculos para enfiar toda essa gente e para dar lucros àqueles que ficam com a maior parte do nosso todo.
    Hoje em dia temos, não só que ter faculdade, hoje faculdade é o ensino médio de antigamente. É necessário termais. Faça mestrado, doutorado, pós, se especialize, vá a seminários, publique artigos, faça algo pelo meio ambiente, pois a "culpa é sua" e não das grandes empresas que poluem rios, hidrelétricas que mutilam a natureza, mudam o clima e disseminam vilas e cidades inteiras.
    Não fazer nada é quase um desacato. Mesmo você chegando tarde do trabalho, mesmo depois de ainda ter ido à faculdade, você chega em casa e se sente culpada se se jogar no sofá e assistir o pior programa televisivo da rede aberta pra descansar a mente. Não! Vá lavar a roupa, a pia está cheia de louça, a casa está uma zona, tem trabalho pra entregar amanhã! 

    AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH

    E assim, pouco a pouco vamos enlouquecendo. Nosso corpo vai reagindo e tentando suprir toda essa necessidade extrema de energia que pedimos. Tentamos tanto e por tanto tempo resolver nossos problemas, nos tornarmos independentes, temos que ganhar muito dinheiro, por que somos bombardeados por todos os lados que a felicidade se reduz a sapatos, roupas, jóias, carros, viagens caras, computadores de ultima geração. 
    E se você não tem essas coisas, acaba sendo reduzido pela sociedade. Se torna à margem disso tudo. Um índio, um hippie, um ermitão. E na verdade você só quer viver tranquilo, sem ser estrangulado pela burocracia, ganhar o que precisa para comer, beber, pagar as contas, ter o seu lazer, poder convidar seus amigos para um churrasco. A vida é simples, mas a sociedade gananciosa não quer pessoas simples, pois pessoas simples não dão lucro. 
      Nossas crianças já nascem com um celular na mão, vão à escola e além disso tem que fazer natação, judô, ballet, inglês, espanhol. Tive um aluno que com com 9 anos reclamava da sua gastrite. Desde de quando uma criança precisa chegar a tal ponto de pressão familiar e social para ter gastrite?
     Mas estamos muito sujos dessa vida corrida que nos impõe. Os carros passam por cima, as pessoas gritam no transito, pessoas se matam por bobagem. O mundo está estressado.
      Aos poucos temos que nos rever e nos desconstruir com uma amiga linda escreveu em Agosto. Temos nos deixar em pedaços e rever o que precisamos para que a nossa vida tenha qualidade. Talvez aquele curso que vc está fazendo por pressão de ter mais um certificado esteja te levando para um outro rumo ou esteja tomando um tempo que você poderia estar com você mesma ou fazendo algo que realmente sinta prazer.
     A sociedade não quer que sentimos prazer, quer produção, dinheiro, lucro. E quando atingimos a depressão é por que lutamos em demasiado e lutamos demasiado sozinhos. Por que na sociedade em que vivemos, pedir ajuda é fraqueza, quando na verdade é um ato de muito coragem.



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Bom dia Cebolinhas


     O fim de semana foi daqueles em que você fica perdida em casa. Senta num sofá, e fica olhando pro sofá da frente. Não pensa em nada, não move um músculo, não reage. Só suas pálpebras piscam em movimentos involuntários. Me peguei no sofá de três lugares com a perna direita em cima da mesinha de bar. Aquelas de metal de bar antigo. A perna esquerda dobrada e apoiada ao chão dava estabilidade ao corpo torto e inerte. Poderia ficar ali por anos se a cabeça não começasse a falar em produção. Somos nossos piores inimigos. Nossa mente é nosso pior carrasco. Qual o problema de ficar jogada no sofá num final de semana? Afinal, é final de semana. 
      Mas temos que ler, escrever, produzir, ter ideias, lavar roupa, arrumar a casa, a cama quebrou e precisa se dar um jeito antes que a coluna faleça, é preciso pedir demissão, é preciso enfrentar as pessoas que fazem meu corpo palpitar e meus olhos escurecerem, é preciso arrumar um novo emprego que não me enlouqueça. É preciso, é preciso, é preciso.
      Noutras vezes do dia, me matava de estudar, na mesma mesinha gelada de bar, tentando suprir tudo que deixei de estudar nos últimos meses, por total falta de foco, concentração e energia. Percebi que minha monografia está mega atrasada e quando minha mente apitava para o labor, lá ia eu me afundar nos livros, até a cabeça fritar e eu voltar para o sofá e para a inércia.
     Precisava ir ao mercado, não fui. Queria ter visto colegas se apresentarem não quis. Meus pais vieram almoçar comigo fiquei calada. Começa a ficar perdida dentro de casa e sem ímpeto para sair da mesmo, ia dormir, longas horas, para terminar o dia.
      Mas no fim, a cama foi arrumada e os lençóis trocados, a louça lavada, a casa organizada. Os estudos renderam e a segunda chegou.

mini horta e mini compostagem em processo 
         A segunda chegou e trouxe com ela o horário de verão e a vida que não para. É preciso pensar como iniciar um novo trabalho, é preciso voltar ao local que nos traz fobia, assinar mais papéis, ser educado e gentil, pegar meu avental e sair antes que o coração saia pela boca. Quarta-feira é dia disso. Hoje é dia de resolver a empresa e pagar o contador. Mais papel e mais assinaturas, carimbos também sempre rolam. 
          A melhor parte do dia é sempre a manhã. Quieta, com os galos do vizinho ainda cantando e o dia ainda brotando. Hoje as 6hs (hora que acordo) ainda estava escuro, mas não me desanimei, pois pouco a pouco a terra girou e lá estavam as luzes do universo. Oração feita, alongamento feito. Silêncio.
           Ainda não sabemos ficar em paz com nós mesmos. Temos um longo caminho a percorrer. Confesso que meditação ainda não consigo fazer, ainda estou muito agitada e preciso mover o corpo para não pensar em merdas. Mas cuidar da minha mini horta, por exemplo, já é um tipo de meditação. É um momento que fico a sós com a natureza que eu fiz brotar da terra e que não morre por que eu cuido e alimento.
       Na parte da manhã o sol alimenta as plantas e seca a compostagem caseira (que ainda estou na luta para aprender a fazer direitinho) que depois volta pra terra, como o ciclo da vida. Da terra viemos, para a terra voltaremos.

         Bom dia a todos!

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Previdência Social

perícia médica 17/10

  Nada te faz te sentir pior do que precisar usar alguma instituição pública. Filas, senhas, esperas, mais senha, mais espera, exame, outra senha, resultado, problema no cadastro, fobia já saindo pelas orelhas, gente que pegou a senha às 8hs ainda não tinham sido atendidas, era 13hs e eu tinha mais uma senha.

- Preciso mesmo ficar?
- Não, seu pedido foi indeferido.

          Indeferido por que o problema não começou na instituição que eu trabalho, logo, ela não tem nada a ver com a minha situação. Para meu psiquiatra eu não estou apta a certos tipos de atividades, para o governo, posso voltar amanhã. Estou ótima.

           O médico não olhou na minha cara, pediu para que eu esticasse os braços.

- Palma da mão pra cima.

          Digitou palavras intermináveis, disse que iria tentar conseguir o máximo de dias, me desejou boa sorte e indeferiu meu pedido.


          Não posso voltar para uma sala de aula com 20 crianças ricas e mimadas que gritam incessantemente durante 4 horas seguidas. Pessoas normais e capazes recusaram o cargo antes de mim, o que sobra pra mim? Ter uma crise de raiva, de pânico, de fobia? Bater num inocente, quebrar um vidro de tinta no chão. Mas estou ótima e pronta a voltar ao trabalho.


estou apta ao labor! a educação precisa de você!


               Como diz no laudo, minha incapacidade para o trabalho é anterior às minhas contribuições. Como se eu não tivesse sido autônoma a vida toda e nunca tivesse pago contribuições. Como se um simples lápis que eu compro pra estudar e tentar sair da bolha, não tive incorporado nele, a porra das contribuições. Que se que fodam as contribuições, elas não servem de nada, a não para encher cuecas fétidas de gente com bunda gorda.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Velhos Amigos

                       Precisamos acertar nossos eixos e nos energizar. O mundo está mudando e sentimos essa mudança, mas temos que estar conectados ao universo para passar por mais uma evolução, conectados mais do que nunca e fortes o suficiente para passar por essa mudança. Mas é difícil pensar em evolução quando se pensa que tem outras vidas ainda por vir, em milhares de anos e
chorão lá em cima, ipê roxo no meio e ipê amarelo aqui no fim
de espécies que já passaram por aqui e nos bilhões de anos ainda pela frente.
            Achamos que temos que resolver tudo de uma vez só, nessa vida, para não queimarmos no fogo do inferno, e acabamos esquecendo que às vezes viemos para resolver coisas simples de vidas passadas, e o resto são meras atividades/desculpas para evoluirmos e aprendermos um cadiquinho mais. Isso pensando em algumas linhas de filosofia e religião, as quais mais me agradam no sentido de me acalmarem e me lembrarem de que temos que dar um passo de cada vez, sem deixar de batalhar pelas nossas conquistas, de que o que prendemos ninguém nos tira e nunca será desperdiçado, que existem outras coisas e outras realidades ao nosso redor e o que tiver que ser seu será seu no momento que o universo colocar em suas mãos. Muitas vezes não vamos conseguir aquilo que lutamos tanto para conseguir, porém, futuramente, outra oportunidade ou algum acontecimento relacionado lhe fará entender que, naquele momento, perder, foi o melhor. Olhar para o lado simples, usar a modernidade, não para ganancia ou para a busca incessante de riquezas, mas para melhorar a vida, ter mais paz, conquistar aquilo que lhe é suficiente e agregar pessoas e valores, valores esses que provém da bagagem de cada um. Ensinar da forma que você consegue ensinar. Passar o conhecimento adiante, pois o conhecimento nos torna livres, e loucos (por isso os tratamentos para nos manter nos eixos).
                  Hoje acordei leve e o sol iluminou minhas espreguiçadas matinais, foi lindo. A casa era só minha e a rotina foi perfeitamente concluída, até a atrasadinha e a saída corrida de casa, mesmo acordando duas horas antes de realmente precisar sair, foi concluída com êxito. O sol só deu bom dia e se escondeu e depois voltou a sair quando eu, já não podia estar mais lá fora. Descida para o estágio em tons de cinza, mas cheia de velhos conhecidos. O velho chorão que precisa ser podado, pois já podemos lhe fazer dreads, o ipê roxo que floresce antes (não me perguntem por que) e o ipê amarelo, floridos e vistosos nessa primavera que talvez ainda não tenha saído do inverno chuvoso.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O Dia do Meio

           Quarta-feira pra mim sempre foi um dia estranho. Ele não está nem no inicio, nem no fim da semana. Aquela velha história do copo meio cheio ou meio vazio. Além de ser quarta o dia acordou cinzento e por eu ter dormido na minha sogra não pude fazer meus rituais matinais que andam me acalmando um pouco.
               Dormi mal e mesmo com o remédio passei a noite grelhando no colchão.
Mais um crise de ansiedade. Amanhã é dia de ir no INSS passar pela perícia médica. Alguém que nunca me viu na vida e que não acompanhou ou acompanha meu tratamento irá olhar para a minha cara, ler uns papéis, escrever algo em algum lugar e dizer se estou apta ou não a voltar ao trabalho.
          Isso que acaba comigo. Essa burocracia de viver provando e comprovando quem você é, do que você é feito e se você merece o que é seu de direito, baseado no humor do cidadão que tem uma vida rotineira na repartição pública.
          Amanhã saberei quantos dias mais posso ficar afastada disso tudo sem ficar surtando com contas e procura de novo emprego. Amanhã saberei quantos dias tenho para ir atrás de um trabalho terapeutico. Tipo fazer wwoofing nos viveiros. O que sei é que preciso de algo que me mantenha em contato com a terra. Mas a terra em si mesmo, aquelas em que as minhocas fazem a festa. Chegar em casa com as unhas marrons e com a bermuda suja cheirando a grama, esterco, terra, fertilizante.
        Semana que vem começam as aulas e isso também me assusta. A turma me assusta, o professor me assusta, aquele lugar universitário me dá arrepios. Mas vamos com calma.
          Hoje a gente reza, amanhã a gente descobre o que a ansiedade come e semana que vem a gente respira bem fundo.
       Estava pensando, hoje fiz alguma coisa para mudar minha vida e vive-la com mais qualidade? E depois pensei, será que devo fazer essa pergunta só hoje? Pois bem, hoje estudei para o meu tcc, pois preciso dele bem feito para me formar e depois, num futuro próximo prestar mestrado. Hoje vou cuidar do meu espírito, pedir proteção aqueles que nos guiam e agradecer a serenidade de aceitar as pedras como ensinamentos.
           Pensei também que meu blog é brega (acho que a Janis usou essa palavra no blog dela tbm, por isso a minha ficha caiu), tipo o Falcão, aquele cantor. Por que é muito cheio de cor e de informação e de imagens. Mas ele vai ficar assim por um tempo. Até a ansia de escrever passar e eu começar a mexer nele com mais cuidado. Ou não. Estou de atestado médico.

QUE SE FODA. 

Boa tarde a todos.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Heineken de Granola

café da manhã
        O café da manhã é rodeado de granolas e grãos, mel (que tá ali no meio, mas não dá pra ver) e coalhada natural. Apesar da mudança, o copo continua sendo da saudosa amiga Heineken. É claro que ainda não consegui mudar minha alimentação completa, como disse tudo é gradual e muito lento, o importante é continuar caminhando. 
         Aprender a não só mudar a alimentação gradualmente, mas aprender a ser mais paciente, mais serena, mais aberta e mais conectada com o que realmente importa. 
          Como estamos consumindo muita coalhada resolvemos fazer a nossa própria. Vou comprar os ingrediente hoje (um litro de leite para 180gr de iogurte natural) e tentar fazer a nossa própria receita que não tem segredo algum. Depois deixo tudo explicado.

         Bom dia!

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Frida



                      "O mundo tem conhecido pessoas tão bonitas, tão loucas!
Na verdade todas as grandes pessoas no mundo foram um pouco loucas, aos olhos da multidão. Suas loucuras tiveram expressão porque elas não eram miseráveis, elas não tinham medo da morte, elas não estavam preocupadas com o trivial. Elas estavam vivendo cada momento com totalidade e intensidade e, por causa dessa totalidade suas vidas se tornaram uma linda flor, elas estavam cheias de fragrância, de amor, de vida e de riso. Mas isso certamente fere milhões de pessoas que estão ao seu redor. Elas não podem aceitar a ideia de que você tenha alcançado alguma coisa que elas perderam; elas tentarão de todas as maneiras torna-lo infeliz.
                               A condenação delas nada mais é do que o esforço em torna-lo infeliz, para destruir sua dança, tirar a sua alegria, de medo que você possa voltar ao rebanho. É preciso reunir coragem e, se as pessoas disserem que você é louco, divirta-se com a ideia.
Diga a elas: “Você está certo, neste mundo somente pessoas loucas podem ser alegres e felizes.
Eu optei pela loucura juntamente com a alegria, com o êxtase, com a dança; você optou pela sanidade com a angústia, com o inferno, nossas opções são diferentes.
                                 Continue são e pareça miserável; deixe-me só na minha loucura. Não se sinta ofendido. Eu não estou me sentindo ofendido por todos vocês, tantas pessoas sãs, equilibradas no mundo e eu não estou me sentindo ofendido”. É apenas uma questão de pouco tempo... Breve, uma vez que elas o tenham aceitado como louco, elas não o perturbarão mais; então você pode se revelar à plena luz com seu ser original, você pode abandonar todas as suas falsidades."

-Osho-



retirado site: http://imgur.com/a/C0jRx/embed#13
Uma amiga do mundo, dessas lindamente livres ou delicadamente enjauladas na sua própria intensidade (é complicado ser intenso), postou isso no facebook e me tocou muito. Acredito ser esse meu grande impasse a vida toda. Como pregar um discurso se eu não o vivo? Por isso talvez me mudei tanto na vida. Trabalhei em tantas coisas diferentes, morei em cidades grandes, pequenas, médias. Vivi no exterior, viajei sem um puto, amei e amo intensamente sempre que possível. Uma dramática, basicamente. Cada fim de ano era (e continua sendo) um sofrimento para saber o que será do ano seguinte, será que vou ter trampo, trabalho, dinheiro e o principal, paciência de ficar no mesmo lugar.

Depois de uma viagem pela Europa, sem nada, descobri quanta gente linda tem por aí. Gente que não se interessa pela sua roupa, cabelo ou bigode. Gente que te curte por que você é interessado em aprender, por que você quer sair da bolha  e está disponível a lutar pela liberdade mental. Eu quero achar essas pessoas e tê-las por um tempo. Por pouco tempo, por que elas nunca permanecem. Elas precisam voar sempre.

Porém, ainda me apego a certas questões burocráticas. As mesmas que me surtaram. A vida é irônica. Por isso amo Brecht, um dramaturgo alemão que usou ironia da forma mais orquestrada da dramaturgia mundial. Não posso simplesmente arrumar a mochila e pedir carona na BR-050. Uma coisa é diferente dessa vez. Dessa vez realmente estou pensando com frieza, com a frieza da razão. Se meu sonho é me mudar sempre que a onda me levar, seja um curso, um mestrado, um desejo eu quero poder ir. Essa liberdade que me dá vida. Sou uma mimada da vida. Preciso viver do jeito que eu quero, a hora que eu quero, na cidade que eu quero. Quero conhecer, fazer, saber. Desse jeito sempre foi tudo. Sempre balas jogadas ao vento sem rumo.

Talvez por isso tenha escolhido o teatro, por essa informalidade de horário, de vestimentas, de códigos de etiquetas. Pena ser complicado viver dele. Antes de tudo eu quero viver, conhecer, explorar. Se realmente eu quiser fazer teatro, faço-o em qualquer lugar, com os materiais que me tenho às mãos. E para comer? Talvez aí a pane de novo. Trabalhar em lugares sugadores de gente, que não se importam com você, mas com seus números de produtividade.


Então temos os passo 1: terminar a faculdade. Por enquanto, só Deus, o Universo, os Reis dos Trovões sabem a resposta. Mas de qualquer maneira no máximo até Setembro do ano que vem.


Passo 2: vamos viver do que Brasil? Sendo que preciso de uma profissão onde eu possa levar meus materiais de trabalho para qualquer lugar. Algo que dê para se vender na internet, pois odeio vender e clientes me dão fobia. Não preciso ganhar muito. O suficiente para as contas, o entretenimento e a poupança. O resto vem da horta e do que for plantado e trocado.


Passo 3: Vamos para que cidade produção? Meu marido quer fazer mestrado em BH, eu quero ir pros fundos da Bahia. E eu? Farei mestrado?


Passo 4: Respirar viver dia e após dia e não esquecer de tomar os medicamentos. Pensar em resolver as coisas cotidianas lentamente e focar os pensamentos no universo.


Por enquanto, mulheres como Frida Kahlo no mostram que da dor, podem nascer flores.