Hoje foi tudo novo. Quer dizer, quase tudo novo, uma vez que o novo depende do velho pra acontecer. De galochas surradas num dia que o clima fez-se novo, eis que o já habitual caminho, se tornasse ansiosamente novo. Não o caminho, mas o fim do caminho. Ou início, já que hoje, por mais breve que possa ser, inicia-se uma nova história. Essa história já no início do primeiro capítulo, é recheada de novos personagens. Desde ogras de olhinhos brilhantes, a supergêmeos ativar! Tem Buda de biscoito e cheiro de erva fresca. Novo. Tudo ali era novo. É novo. E vai ser novo por semanas. A velha menina, levando o velho corpo, pelo tempo que se abre novo. Exploremos! Exploremos para que o novo atraia boas novas daquele velho vento que assobia no sudoeste. Boas novas recheadas de sabor e som. Que os velhos pensamentos não piniquem o velho hábito de temer o novo. O novo, novinho em folha e assado em forno quente.
quinta-feira, 24 de abril de 2014
quarta-feira, 16 de abril de 2014
Uma música breve
Eu revirei as coisas do passado
Tirei as teias que mofavam seu retrato
Eu vi eu mesma, pele, osso, gorda, feia
Ti vi barbudo, banca de heterossexual
Lembrei de tantos namorados coisa e tal
Revi meu ex que hoje é homossexual
Mas nenhum deles mexe mais meu coração
Mas nenhum deles é chamado meu ogrão
Mas nenhum deles dormiu comigo deitado na
grama, em cima de uma minhoca grande, nojenta em frente ao Coliseu com fogos de
artifício que você pensou ser uma explosão...
Eu tinha medo de rever o meu passado
E encontrar fatos mal sedimentados
Rever amores, cartas belas mal escritas
Rever histórias que um dia fui sofrida
Eu tinha medo de encontrar uma brechinha
Talvez achar que era tudo ideia minha
Essa história de rever uma dorzinha
Pra talvez construir uma ceninha
Mas nenhum deles vale mais que meu negão
Mas nenhum deles me beijou num avião
Mas nenhum deles me viu de calça arriada às
seis horas da matina num banheiro público escocês e mesmo assim não me largou
não...
Hoje revendo meu passado caliente! Ui!
Percebo que tudo que eu quero é meu presente
Aproveito pra pedir sinceramente
Casa comigo meu amor que é permanente...
Quem?
Apesar
de ter chegado ao trabalho na mesma hora de sempre, trajando as mesmas roupas
rotas de sempre e com seu rosto vermelho, de quem enfrentou o mesmo longo
caminho de sempre, Augusto olhou a amiga e perguntou o que lhe havia
acontecido. Você não me parece bem esta
manhã, comentou.
Flora o olhou um tanto perplexa pela percepção, e respondeu que realmente não se sentia confortável consigo mesma naquele dia. Ontem me questionaram muito e não soube como reagir, continuou, ainda não sei a resposta e não saber responder me fez pensar como ando cega ultimamente. E o que te questionaram que lhe deixou tão aflita? Perguntaram-me, o que eu sou.
Augusto silenciou por um instante, queria entender se realmente sabia o que acabara de acontecer, mas exaltado pela ansiedade da dúvida não se conteve. Como assim? Você é a Flora! Minha amiga, companheira de trabalho, casada com o Rê, mãe do Gabriel. Não, disse Flora, essa é quem sou eu. Eu sei quem eu sou, tenho nome, sobrenome, um documento que comprova que sou pessoa física e até um outro que comprava que sou pessoa jurídica também. Tenho endereço, família, origem e tudo isso são fatos. Mas o que sou eu? O que sobra depois que todos os documentos estão expostos na mesa? O que resta depois que me dispo de tudo que é socialmente obrigatório? Quando as roupas, os brincos, o teto, a loucura da cidade, o emprego, as tarefas, as obrigações caem, o que fica? O que fica em você quando nada te atrapalha a ser o que você é? Somos carne, músculos, veias, vísceras, motricidade e o que essa carne, ossos e veias fazem todos os dias com sua parte não palpável que os sustentam conscientes e ocupando espaço no vazio? O que esse corpo faz no próprio vazio criado por ele mesmo? E que vazio é esse que preenche tudo, que preenche existências inteiras espaço afora? O que sou eu quando não estou tentando ser ninguém? O que desejo quando nada se tem a desejar?
Flora, nesse instante parou abruptamente. Seu olhar fixo na tela do computador, ainda desligado, e suas mãos firmes segurando a bolsa, a deixavam com uma aparência velha e preocupada. Augusto não cogitou dizer, sequer, uma palavra. Da ultima vez fizera estragos suficientes. A amiga então relaxou ao som de um suspiro. Pousou a bolsa sob a mesa, respirou fundo três vezes e prosseguiu. Havia um tempo que eu sabia tudo e que tudo era mais claro e simples. Sabia quem eu era, o que era. Sabia das emoções das quais era feita, do lugar que ocupava no mundo e das energias que de mim saiam. Tinha potência e sabia como transformar qualquer situação, mesmo que difícil, em potência criativa, criadora. Tinha brilho nos olhos, tinha malícia de conduzir a mim mesma nesse vazio cheio de formas. Agora, já não me reconheço mais na potência que eu tinha. Hoje sou outra e não sei em que parte do meu caminho deixei de reparar em mim mesma, de olhar para minha anti-matéria etérea e reconhecer seu lugar no vazio do espaço que a preenche. Entende?
Augusto já não tentava mais entender o que se passava e apenas perguntou, mas quem foi que te questionou coisas tão imateriais assim? Fui eu Augusto. Fui eu. Tão logo parou de falar, ligou o computador e começou a trabalhar. Afinal era a sua rotina de cada dia que, por enquanto, sustentava suas indagações tão imateriais, como descreveu o amigo ainda boquiaberto.
Flora o olhou um tanto perplexa pela percepção, e respondeu que realmente não se sentia confortável consigo mesma naquele dia. Ontem me questionaram muito e não soube como reagir, continuou, ainda não sei a resposta e não saber responder me fez pensar como ando cega ultimamente. E o que te questionaram que lhe deixou tão aflita? Perguntaram-me, o que eu sou.
Augusto silenciou por um instante, queria entender se realmente sabia o que acabara de acontecer, mas exaltado pela ansiedade da dúvida não se conteve. Como assim? Você é a Flora! Minha amiga, companheira de trabalho, casada com o Rê, mãe do Gabriel. Não, disse Flora, essa é quem sou eu. Eu sei quem eu sou, tenho nome, sobrenome, um documento que comprova que sou pessoa física e até um outro que comprava que sou pessoa jurídica também. Tenho endereço, família, origem e tudo isso são fatos. Mas o que sou eu? O que sobra depois que todos os documentos estão expostos na mesa? O que resta depois que me dispo de tudo que é socialmente obrigatório? Quando as roupas, os brincos, o teto, a loucura da cidade, o emprego, as tarefas, as obrigações caem, o que fica? O que fica em você quando nada te atrapalha a ser o que você é? Somos carne, músculos, veias, vísceras, motricidade e o que essa carne, ossos e veias fazem todos os dias com sua parte não palpável que os sustentam conscientes e ocupando espaço no vazio? O que esse corpo faz no próprio vazio criado por ele mesmo? E que vazio é esse que preenche tudo, que preenche existências inteiras espaço afora? O que sou eu quando não estou tentando ser ninguém? O que desejo quando nada se tem a desejar?
Flora, nesse instante parou abruptamente. Seu olhar fixo na tela do computador, ainda desligado, e suas mãos firmes segurando a bolsa, a deixavam com uma aparência velha e preocupada. Augusto não cogitou dizer, sequer, uma palavra. Da ultima vez fizera estragos suficientes. A amiga então relaxou ao som de um suspiro. Pousou a bolsa sob a mesa, respirou fundo três vezes e prosseguiu. Havia um tempo que eu sabia tudo e que tudo era mais claro e simples. Sabia quem eu era, o que era. Sabia das emoções das quais era feita, do lugar que ocupava no mundo e das energias que de mim saiam. Tinha potência e sabia como transformar qualquer situação, mesmo que difícil, em potência criativa, criadora. Tinha brilho nos olhos, tinha malícia de conduzir a mim mesma nesse vazio cheio de formas. Agora, já não me reconheço mais na potência que eu tinha. Hoje sou outra e não sei em que parte do meu caminho deixei de reparar em mim mesma, de olhar para minha anti-matéria etérea e reconhecer seu lugar no vazio do espaço que a preenche. Entende?
Augusto já não tentava mais entender o que se passava e apenas perguntou, mas quem foi que te questionou coisas tão imateriais assim? Fui eu Augusto. Fui eu. Tão logo parou de falar, ligou o computador e começou a trabalhar. Afinal era a sua rotina de cada dia que, por enquanto, sustentava suas indagações tão imateriais, como descreveu o amigo ainda boquiaberto.
Cão Só
Era uma tarde quente. Covardemente quente. Numa
cidadezinha esquecida, que fazia aniversário. Como era feriado, não havia muitas
opções para alguém como ela. Aproveitou o tédio do dia e foi pra uma casa que
andava vazia, vigiada apenas por um cão carente de vida.
Naquele momento queria apenas a companhia dos animais, afinal, eles além de não julgar os humanos, ainda não faziam perguntas. O que era mais incrível naquele momento, onde tantos questionamentos lhe eram feitos. Colocou os óculos escuros na tentativa de não ser reconhecida, ajeitou os fones e ligou o volume da música ao máximo, na tentativa de não reconhecer chamados, e em seus chinelos velhos deixou para trás as indagações de uma vida toda.
Parou no caminho para comprar cervejas e ao abrir a primeira latinha se arrependeu de não ter comprado mais. O sol era penoso e o caminho era longo. Pensou também que naquele momento apenas uma pessoa seria capaz de acompanha-la naquele momento e compartilhar o som libertador de uma latinha se abrindo para o mundo. Mas sua companheira de cervejas argentinas roubadas em hipermecados, estava longe tentando ganhar a vida, ou pelo menos algum dinheiro, ou talvez, queria apenas se reconhecer em alto mar.
Naquele momento estava sozinha e estava vazia. Não sentia nada, não tinha estímulos, o calor fritava seus miolos e não a deixava pensar. Mas pra que pensar? Isso só faz cair cabelos. Isso só leva a vícios mundanos. Chegou, finalmente, à casa vazia. Cumprimentou o cachorro, mais solitário que ela mesma, compartilharam o momento estranho e depois foi até a geladeira; guardou umas latinhas, abriu outra e teve a certeza que deveria ter comprado mais pão líquido para sustentar seu dia. Sentou-se e acendeu um cigarro, mas não fumou com prazer. Ninguém é tão livre quanto aparenta ou imagina ser. Apagou-o no cimento duro e cinza. Olhou os religiosos saindo da igreja e desejou ter metade da fé que eles tinham, mas depois desistiu da ideia. Eles eram, ainda menos livres, do que ela mesma.
Resolveu deixar a vida passar, esperando um telefonema que não aconteceria nunca. Pensou em como as coisas acontecem e mais uma vez não entendeu o sentido das coisas. Queria raciocinar sobre a vida que estava prestes a começar, mas nenhum pensamento grudava em sua cabeça. Teria feito a coisa certa? Não sabia, não havia como saber. Mais uma vez estava por sua conta e risco. Mais uma vez os amigos conquistados tinham sido deixados para trás e os antigos estavam ocupados demais com suas vidas construídas, enquanto esteve longe. Não os julgava. Não se pode julgar uma vida por sua continuidade inevitável. Lembrou-se de uma grande figura deixada recentemente no passado e de como as relações simplesmente um dia acabam. Simplesmente perdem a razão de ser, o motivo de existir. Mas como tudo em seu dia, não havia muito o que fazer a respeito. Quando algo perde o sentido, não nos resta nada mais do que seguir em frente.
Desejou mais uma vez ter fé, mas logo em seguida desistiu e levou o cachorro para passear. Eles também merecem momentos de liberdade assistida. No caminho, pensou na paixão que não teria dado certo e no amor que nascera tarde demais. Não culpou a vida, nem os caminhos opostos, mas desejou algo que não sabia o que era e desejou que esse algo enfim, desse certo. Estava cansada de ir e vir. Estava cansada de procurar o que não chegava. Desejou que sua companheira de cervejas fétidas estivesse ao seu lado, ela entenderia sua incessante busca por algo ainda incompreensível. No fim, entendeu que era tudo drama de sua alma imoral e tomou o rumo de casa. O rumo das indagações e dos questionamentos, que nem ela, sabia a resposta.
Naquele momento queria apenas a companhia dos animais, afinal, eles além de não julgar os humanos, ainda não faziam perguntas. O que era mais incrível naquele momento, onde tantos questionamentos lhe eram feitos. Colocou os óculos escuros na tentativa de não ser reconhecida, ajeitou os fones e ligou o volume da música ao máximo, na tentativa de não reconhecer chamados, e em seus chinelos velhos deixou para trás as indagações de uma vida toda.
Parou no caminho para comprar cervejas e ao abrir a primeira latinha se arrependeu de não ter comprado mais. O sol era penoso e o caminho era longo. Pensou também que naquele momento apenas uma pessoa seria capaz de acompanha-la naquele momento e compartilhar o som libertador de uma latinha se abrindo para o mundo. Mas sua companheira de cervejas argentinas roubadas em hipermecados, estava longe tentando ganhar a vida, ou pelo menos algum dinheiro, ou talvez, queria apenas se reconhecer em alto mar.
Naquele momento estava sozinha e estava vazia. Não sentia nada, não tinha estímulos, o calor fritava seus miolos e não a deixava pensar. Mas pra que pensar? Isso só faz cair cabelos. Isso só leva a vícios mundanos. Chegou, finalmente, à casa vazia. Cumprimentou o cachorro, mais solitário que ela mesma, compartilharam o momento estranho e depois foi até a geladeira; guardou umas latinhas, abriu outra e teve a certeza que deveria ter comprado mais pão líquido para sustentar seu dia. Sentou-se e acendeu um cigarro, mas não fumou com prazer. Ninguém é tão livre quanto aparenta ou imagina ser. Apagou-o no cimento duro e cinza. Olhou os religiosos saindo da igreja e desejou ter metade da fé que eles tinham, mas depois desistiu da ideia. Eles eram, ainda menos livres, do que ela mesma.
Resolveu deixar a vida passar, esperando um telefonema que não aconteceria nunca. Pensou em como as coisas acontecem e mais uma vez não entendeu o sentido das coisas. Queria raciocinar sobre a vida que estava prestes a começar, mas nenhum pensamento grudava em sua cabeça. Teria feito a coisa certa? Não sabia, não havia como saber. Mais uma vez estava por sua conta e risco. Mais uma vez os amigos conquistados tinham sido deixados para trás e os antigos estavam ocupados demais com suas vidas construídas, enquanto esteve longe. Não os julgava. Não se pode julgar uma vida por sua continuidade inevitável. Lembrou-se de uma grande figura deixada recentemente no passado e de como as relações simplesmente um dia acabam. Simplesmente perdem a razão de ser, o motivo de existir. Mas como tudo em seu dia, não havia muito o que fazer a respeito. Quando algo perde o sentido, não nos resta nada mais do que seguir em frente.
Desejou mais uma vez ter fé, mas logo em seguida desistiu e levou o cachorro para passear. Eles também merecem momentos de liberdade assistida. No caminho, pensou na paixão que não teria dado certo e no amor que nascera tarde demais. Não culpou a vida, nem os caminhos opostos, mas desejou algo que não sabia o que era e desejou que esse algo enfim, desse certo. Estava cansada de ir e vir. Estava cansada de procurar o que não chegava. Desejou que sua companheira de cervejas fétidas estivesse ao seu lado, ela entenderia sua incessante busca por algo ainda incompreensível. No fim, entendeu que era tudo drama de sua alma imoral e tomou o rumo de casa. O rumo das indagações e dos questionamentos, que nem ela, sabia a resposta.
(2008)
Ode ao Tempo ou qualquer coisa assim
Havia um
tempo que não existia barulho
Mais do que
isso, havia um tempo em que não havia som
Era tudo
massa amórfica. Era tudo breu
Não havia
você e não havia eu
Era o tempo
que o mundo, pertencia ao mundo
E não havia
portas para se fechar
Houve um
tempo que não havia gente
E a gente
que havia não era gente como a gente
Havia gente
que não destruía
Havia gente
que se cuidava e tirava piolho de sua gente
Houve um
tempo com gente bonita assim.
Havia um
tempo em que se conversava na rua
De porta
aberta e cadeira de balanço
Nesse tempo
havia gritos de crianças, corda e peão
A rua era
segura e a gente engasgava com bala lisa e colorida
Tinha
futebol de botão e jogo de bola com a mão
Havia um
tempo que existia avô e avó
Existia
empinar pipa feita de saquinho de plástico
Existia
fazer bolha de sabão com talo de mamona
Nesse tempo
havia horta e pé que dava fruta fresca
Havia
passarinho cantando na gaiola
E o velho
cachorro fugindo pro campinho de futebol
Houve um
tempo que havia silêncio
Houve um
tempo que barulho era brincadeira de criança na avenida fechada pro domingo
Existia
vizinho e existia amigo
Existia
irmão e existia boneca que o irmão jogava na parede
Existia casa
cheia e existia deitar no chão da cozinha
Nesse tempo
não havia piso no corredor
Só cimento e
céu aberto
Depois houve
o tempo de crescer
E de quem
sabe tentar vir a ser
Houve um
tempo que havia vontade de renascer
E tudo
conhecer
Eita tempo
bom
Esse tempo
de desenvolver
Mas aos
poucos o tempo foi comprimindo
E o peito
oprimindo
Houve o
tempo da chuva
E o tempo da
chuva pareceu aumentando
Houve um
tempo de mudança
Não era mais
o ser
Existia só o
fazer, sem às vezes saber porquê
Depois tudo
ficou cinza
Apesar do
belo céu que aqui tinha
Era tudo azul
cor de mar
E tinha
poeira sempre a voar
Existia ipê
roxo no verão
E sol que
queimava sem perdão
Não havia
rima, pois não havia fala
Não havia
boca, não havia nada
Tinha só
mala por desfazer e casa que sem móveis
Ecoava, muda,
o relógio antigo de um andar qualquer
Houve um
tempo que o barulho era música
A buzina
instrumento
O ônibus
percussão
Nesse tempo
o som era alto e o caminho era longo
Mas tinha
cerveja na Augusta
E funk como
le gusta
Havia um
tempo que era o tempo de hoje
Tempo de
agora
Tempo de não
poder mais andar na rua
Tempo de não
ser respeitada por não fingir ser burguesia
De ser
massacrada por andar a pé
O tempo de
hoje não tem mais tempo
Para o
próprio tempo
A vida escoa
a qualquer momento
Compre roupa
ou compre amor
Mas compre
sempre pra não perder seu valor
Houve um
tempo que ainda se estende
Onde sombra
de árvore é mito de livro antigo
Onde arte é
sinônimo de riso
Onde ser
feliz é sinônimo de fio metal
Onde amar já
está fora de moda
E plantar é sinônimo
de fome
Havia um
tempo que a vida era leve
Não havia
moda, não havia greve
Houve um
tempo que importava o ser
Houve um
tempo que não importava ter
Houve um
tempo que começou a ser tempo
De mudar
esse tempo que não nos dá tempo
Houve um
tempo que não querer mais se vender
Pra talvez
poder voltar a vir a ser
Houve um
tempo que era agora
E esse
tempo, por favor, não se demora.
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