segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Bom dia Cebolinhas


     O fim de semana foi daqueles em que você fica perdida em casa. Senta num sofá, e fica olhando pro sofá da frente. Não pensa em nada, não move um músculo, não reage. Só suas pálpebras piscam em movimentos involuntários. Me peguei no sofá de três lugares com a perna direita em cima da mesinha de bar. Aquelas de metal de bar antigo. A perna esquerda dobrada e apoiada ao chão dava estabilidade ao corpo torto e inerte. Poderia ficar ali por anos se a cabeça não começasse a falar em produção. Somos nossos piores inimigos. Nossa mente é nosso pior carrasco. Qual o problema de ficar jogada no sofá num final de semana? Afinal, é final de semana. 
      Mas temos que ler, escrever, produzir, ter ideias, lavar roupa, arrumar a casa, a cama quebrou e precisa se dar um jeito antes que a coluna faleça, é preciso pedir demissão, é preciso enfrentar as pessoas que fazem meu corpo palpitar e meus olhos escurecerem, é preciso arrumar um novo emprego que não me enlouqueça. É preciso, é preciso, é preciso.
      Noutras vezes do dia, me matava de estudar, na mesma mesinha gelada de bar, tentando suprir tudo que deixei de estudar nos últimos meses, por total falta de foco, concentração e energia. Percebi que minha monografia está mega atrasada e quando minha mente apitava para o labor, lá ia eu me afundar nos livros, até a cabeça fritar e eu voltar para o sofá e para a inércia.
     Precisava ir ao mercado, não fui. Queria ter visto colegas se apresentarem não quis. Meus pais vieram almoçar comigo fiquei calada. Começa a ficar perdida dentro de casa e sem ímpeto para sair da mesmo, ia dormir, longas horas, para terminar o dia.
      Mas no fim, a cama foi arrumada e os lençóis trocados, a louça lavada, a casa organizada. Os estudos renderam e a segunda chegou.

mini horta e mini compostagem em processo 
         A segunda chegou e trouxe com ela o horário de verão e a vida que não para. É preciso pensar como iniciar um novo trabalho, é preciso voltar ao local que nos traz fobia, assinar mais papéis, ser educado e gentil, pegar meu avental e sair antes que o coração saia pela boca. Quarta-feira é dia disso. Hoje é dia de resolver a empresa e pagar o contador. Mais papel e mais assinaturas, carimbos também sempre rolam. 
          A melhor parte do dia é sempre a manhã. Quieta, com os galos do vizinho ainda cantando e o dia ainda brotando. Hoje as 6hs (hora que acordo) ainda estava escuro, mas não me desanimei, pois pouco a pouco a terra girou e lá estavam as luzes do universo. Oração feita, alongamento feito. Silêncio.
           Ainda não sabemos ficar em paz com nós mesmos. Temos um longo caminho a percorrer. Confesso que meditação ainda não consigo fazer, ainda estou muito agitada e preciso mover o corpo para não pensar em merdas. Mas cuidar da minha mini horta, por exemplo, já é um tipo de meditação. É um momento que fico a sós com a natureza que eu fiz brotar da terra e que não morre por que eu cuido e alimento.
       Na parte da manhã o sol alimenta as plantas e seca a compostagem caseira (que ainda estou na luta para aprender a fazer direitinho) que depois volta pra terra, como o ciclo da vida. Da terra viemos, para a terra voltaremos.

         Bom dia a todos!

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