Ah o mar
Sempre tão
constante em toda sua inconstância
Selvagem em
prantos de calmaria
Fortaleza de
areia líquida que não mata nossa sede
Ah o mar
Nos nina em
colchões de espuma
Nos abraça
com luvas de seda translúcidas
Nos morre
sem nos deixar chance de viver
Ah o mar
Envolvido pelo
mato profundo
Pelo vento
que acarinha o temor de sua noite
Pela folhagem
que afaga a palavra perdida
Ah o mar
Quanto respeito
a esse nobre senhor
Que com idas
e vindas nos ensina como a vida é pequenina
Que lava a
vida velha nas ressacas das grandes luas
Ah o mar
Um salve ao
mar
Um salve ao
vento que traz o mar
Um salve aos
respingos de vida salgada que venta o mar
Ah o mar
Uma ode sem
nexo para o mar me perdoar
Uma ode
estranha para o protetor o mar
Uns versos
sem rimas, pois não posso comer a grandeza do mar
O mar
Cavalga as
ondas nas pontas dos pés
Mira o
horizonte sem saber o que vai ser de seu fim indelicado
Carrega doce
rio no ventre de seu sal
Ah mar
Se eu
soubesses o que sabes
Não me
salgaria a boca com as amarguras de tuas entranhas
Não deixarias
que me levasse assim mansinho
Bença mar
Se tu dizes
que não devo em ti entrar
Secarei meus
pés antes de me retirar
E com os olhos
ainda baixos não mais hei de te pisar
Bença meu
grande mar
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