domingo, 18 de maio de 2014

Safada


A morte safada 
Me beijou com a boca molhada 
Fiquei assustada, imagina! 
Bebi Fanta, mas era estriquinina 
Achei a morte meio atrapalhada 
Caiu de quatro no hall de entrada 
Quem diria que irônico 
A morte é besta, como é cômico! 
Mas agora falando sério 
Vou contar como parei no necrotério 
Acho que fui assassinada 
Pela filha da empregada 
Calma, calma, não culpem a coitada 
É só uma menina que brincava entediada 
Achou que fazia uma poção 
Pra curar a febre de Hupert, meu cão 
Pegou a estriquinina na gaveta 
Achando que era um remédio porreta 
Jogou na Fanta junto com sal 
E levou tudo para o quintal 
A menina esquecendo um ingrediente voltou 
Pra cozinha muito inocente 
Eu chegando em casa com sede
Achei a Fanta um deleite! 
Bebi tudo rapidinho 
E caí dura num instantinho 
Ainda acham que foi suicídio 
Mas fui tudo um mal entendido 
A vida por aqui é pacata 
Tirando a morte que é desastrada 
Imagina, eu devia estar no céu 
Abraçando Deus e cantando o Créu! 
Mas a tonta me levou para o inferno 
Pensando que eu era um político de terno 
Agora estou presa com o chifrudo 
Jogando xadrez e ouvindo Menudo 
Quem diria o capeta é um doce! 
Fala mansinho e é todo precoce 
Tatuou na bunda a Betty Boop 
E gosta de ser chamada de Lulu!

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